Oi Pessoal!!
Eu
resolvi falar com vocês sobre um dos assuntos que as pessoas que tem alguma
deficiência, enfrenta direto, alguns mais que os outros, muitos falam que isso
não existe mais, tem quem diga que isso é mais coisa das nossas cabeças, mas a
verdade nua e crua é uma só: o Preconceito existe, seja disfarçado ou
descarado, e tem um efeito nocivo.
Passei
por muitos episódios, comecei a passar por esses momentos quando ainda era
criança, ao andar de ônibus com a minha mãe, as pessoas ficavam olhando com
aquele olhar de pena, quando não diziam coitadinha, mas quando era criança eu
na minha inocência falava: - Deixa mãe o povo falar nem ligue, nem ligue deixa
o povo falar....
Fui crescendo, começando a entender as coisas, ganhei minha primeira cadeira de rodas, fui para Brasília pela primeira vez, na casa de parentes, eu só podia descer para brincar no rol do prédio, quando não tivesse nenhuma criança, só podia fazer amizade com a filha do síndico, e não podia interagir com ninguém mais, além de ficar a maior parte do tempo dentro do apartamento, não podia nem sonhar em encostar nos móveis para não arranhar, todas as minhas refeições eram feitas na cozinha junto com os empregados.
Veio
o período de começar a estudar, a escola não queria me aceitar, e ainda falou
que se eu fosse estudar nela, seria em uma sala separada, mas meu pai bateu o
pé, disse que eu iria estudar sim naquela escola e seria junto com os outros
alunos.
Fiquei
adolescente, começou as paqueras, era duro ouvir, “você é linda, pena que está
em uma cadeira de rodas, se eu namorar com você o que minha família e amigos
vão dizer...” E o tempo foi passando, e eu comecei a enfrentar com a cabeça
erguida esses momentos, jurando que isso não iria me machucar.
Até
o dia que eu fui pegar um ônibus o elevador que uso para subir quebrou, fazendo
que todos descessem e pegasse o próximo ônibus, que estava com o elevador com
defeito também, e os passageiros começaram a descer me xingando e dizendo que a
culpa por quebrar todos os ônibus era minha, que lugar de aleijado é em casa,
não atrapalhando a vida das pessoas normais.
Lembro
que não conseguir enfrentar de cabeça erguida, que não tive resposta para isso,
só comecei a chorar, sentindo o peso do Preconceito, da Diferenciação que as pessoas
fazem por você ter ou não uma deficiência. Me feriu demais esse momento, chorei
bastante, ainda bem que tinha minha mãe comigo e foi a vez dela me dizer: “ -
Filha, não ligue para o que o povo diz, deixe eles falarem nem ligue, nem ligue
deixe eles falarem, isso não define quem você é”
Ela
como sempre estava muito certíssima, olhando para traz por todos os momentos de
preconceito que já passei e sei que ainda vou passar, só me mostra como sou
forte, e verdadeiramente não sou uma aleijada, não sou uma pessoa limitada, sou
simplesmente uma mulher que usa a cadeira de rodas para se locomover, afinal
alguns utilizam os pés, eu uso as rodas da minha cadeira, posso garantir, essas
rodas já andaram por aí, mas que muitos pés!!
Beijos💋
Paula Ravenala